Tanvi Hussain, meios de subsistência em equilíbrio com áreas úmidas

Áreas úmidas saudáveis fornecem alimentos para as espécies e pessoas que vivem ao seu redor. Mas a superexploração desses recursos pode levar à degradação, que por sua vez, afeta as comunidades que vivem nesses ecossistemas.

“Conservação no contexto rural significa criar oportunidades de sustento para os pobres, enquanto nas áreas urbanas se trata de convencer as pessoas a serem mais sensatas sobre seu estilo de vid.”

Conseguir o equilíbrio certo é um grande desafio para a aldeia indiana de Hatimuria, que depende de uma área úmida chamada Bherbheri Beel, no estado de Assam. Tanvi Hussain, embaixadora de áreas úmidas, de 29 anos de idade, pós-doutoranda e cientista da região, que trabalha na conservação dos recursos naturais com as comunidades que vivem no entorno desta área úmida.

“Estou profundamente comovida com o maravilhoso equilíbrio da natureza, mas, angustiada com a condição degradada de muitas áreas úmidas em florestas e em outras áreas. Conservação no contexto rural significa criar oportunidades de sustento para os pobres, enquanto nas áreas urbanas se trata de convencer as pessoas a serem mais sensatas sobre seu estilo de vida”, diz Tanvi.

Bherberi beel durante o pôr do sol.

Tanvi é uma cientista de projeto como parte de uma organização do governo estadual, Assam Conselho de Tecnologia e Meio Ambiente (ASTEC), que trabalha com o governo central e o estadual. Ela faz parte de um projeto para construir a resiliência da comunidade de Hatimuria, que é dependente do beel Bherbheri, a fim de ajudá-la a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Beel é o termo local usado para áreas úmidas e lagoas em Assam.

Isso envolve tornar as atividades de subsistência na aldeia, como agricultura, coleta de água, irrigação de terras agrícolas, criação de gado, fontes de energia e outras em “amigáveis ao clima”. “Trabalhamos junto com os residentes da aldeia e os ajudamos a conscientizar sobre os impactos das mudanças climáticas e, assim prepará-los para as possíveis ameaças decorrentes dessas alterações do clima”, diz Tanvi.

“Após a colheita do período de pesca, todos os peixes restantes foram capturados bombeando a água do pântano, diminuindo o lençol freático da vila e contribuindo para a escassez de água.”

Um foco particular tem sido ajudar os moradores a compreender melhor como as áreas úmidas funcionam e como estão relacionadas à disponibilidade de água. Tanvi explica que o leilão da área úmida [colheita] durante a temporada de pesca para empresários locais gerou uma prática que estava contribuindo para a degradação. Após a colheita do período de pesca, todos os peixes restantes foram capturados bombeando a água do pântano, diminuindo o lençol freático da vila e contribuindo para a escassez de água.

“O leilão dessa área úmida e o desvio de água também colocam em risco golfinhos de rio, que se encontram no sul da Ásia, pássaros migratórios, outros animais e plantas. Os habitantes locais estão mal equipados para lidar com as mudanças. É por isso que queremos ajudá-los”, ressalta.

Oficina local para informar as pessoas sobre a importância de suas zonas úmidas e como mantê-las limpas.

Como parte dos esforços para aumentar a conscientização, a ASTEC está publicando manuais sobre a biodiversidade local. As crianças estão aprendendo sobre as mudanças climáticas e práticas resilientes, enquanto os jovens locais aprendem habilidades como apicultura selvagem e extração de mel, artesanato de bambu e caminhadas pela natureza – práticas que podem ajudar a manter o equilíbrio em toda a área úmida.

As mulheres estão sendo apoiadas para aumentar a renda por meio da tecelagem. A criação desses meios de subsistência alternativos ajudarão a impulsionar a renda dos moradores, o que evita a necessidade de leiloar a área úmida para obter benefícios financeiros.

“Hatimuria servirá de exemplo para encorajar outras aldeias a se envolverem com as medidas de apoio do conselho e a se tornarem autossuficientes.”

A visão de longo prazo, de acordo com Tanvi, é restaurar o ecossistema e criar possibilidades para o ecoturismo em toda a área. A vila está situada a apenas 2,5 km do Santuário de Vida Selvagem de Pobitora, que abriga uma série de animais majestosos, incluindo rinocerontes de um chifre, búfalos selvagens asiáticos, elefantes, cervos do pântano e pássaros migratórios de diferentes partes do mundo que todos os anos chegam a região, entre os meses de novembro a março.

Os turistas vêm da Índia e de todo o mundo para se maravilhar com a beleza natural da região. Gerenciar a área úmida Bherbheri ao longo do ano, especialmente, na época do leilão (novembro a março) ajudará a torná-la atraente aos visitantes, criando um valor inerente e monetário para a área úmida e o seu povo.

Tanvi diz: “Estou muito orgulhosa por termos conseguido trabalhar com a população local e por termos chegado a um consenso sobre a importância das áreas úmidas, bem como a função que elas têm no suporte ao ecossistema. Hatimuria servirá de exemplo para encorajar outras aldeias a se envolverem com as medidas de apoio do conselho e a se tornarem autossuficientes”.

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